Depois de uma verdadeira cruzada contra os cursos de Humanas, o presidente Jair Bolsonaro parece agora estar voltando sua verborragia para as Exatas. Refiro-me ao caso da demissão do diretor do Inpe, por “discordar” dos números do desmatamento na Amazônia.
Divergir de dados mapeados por satélite me parece algo bastante difícil de sustentar-se enquanto recurso lógico. Mas na narrativa do governo, alertar que o desmatamento da floresta amazônica aumentou nos últimos meses é algo condenável.
Houve inclusive uma tentativa de desmerecer a trajetória de Ricardo Magnus Galvão e insinuar interesses escusos no alerta do INPE: que seria para favorecer alguma ONG. O Currículo Lattes do físico fala por si. Entre outras titulações, é integrante da Academia Brasileira de Ciências.
A Ciência, que se ampara em métodos e não aceita suposições como verdade, não é do agrado do atual governo.
No Brasil de Bolsonaro, o personagem principal do aclamado livro O Homem que Calculava, Beremiz Samir, podia não ser tão bem visto como no enredo da obra de Malba Tahan, pseudônimo do escritor brasileiro Julio Cesar de Mello e Sousa.
No livro, publicado em 1938, a Matemática, enquanto ciência, é vista como inquestionável, mesmo em um ambiente medieval na região do Oriente Médio:
Por ter alto valor no desenvolvimento da inteligência e do raciocínio, é a Matemática um dos caminhos mais seguros por onde podemos levar o homem a sentir o poder do pensamento”.
O livro, de caráter paradidático, é reconhecido mundialmente como uma forma de incentivar o gosto pela Matemática e pelas ciências exatas de uma forma geral. E o Conhecimento é a chave para nos libertamos da nova Idade Média brasileira.
Imagem: Agência Brasil / Arquivo
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