Doações de alimentos a projetos sociais caem no momento mais extremo da fome no país.
O Brasil é um álbum de contradições. Enquanto o ano de 2021 marcou um recorde do número de milionários – são 266 mil, segundo dados do Banco Credit Suisse – também foi um ano para que 62,5 milhões acordaram sem ter clareza sobre o que comer, pagar e onde viver, já que estão em situação de pobreza, segundo o IBGE – status confirmado quando alguém recebe menos de 486 reais por mês.
Enquanto na pandemia de Coronavírus, a mobilização para ajudar pessoas vulneráveis e sem amparo alcançou expressivos níveis de engajamento, seja entre empresas, famílias, instituições e igrejas, agora, diante dos 33 milhões de brasileiros que passam fome segundo dados da Rede Penssan, a mobilização é bem mais escassa.
Organizações da sociedade civil, entidades e grupos de solidariedade são unânimes: o apoio financeiro, material e até de voluntários, está menos disponível. As causas são inúmeras, e passam pelo empobrecimento de parte dos doadores, – a renda média brasileira está no menor valor da série histórica – pela própria negação política da fome e pela desestruturação de programas de combate à fome, seja por sua extinção ou congelamento de verba.
O Vós acompanhou três iniciativas de doação de alimentos e outros itens para populações vulneráveis de Porto Alegre para analisar como está o trabalho no pós-pandemia e encontrou relatos de fragilidade nas ações. Por que mobilizações parecem responder a calendários? Quais motivações levam alguém a doar recorrentemente? O que é necessário doar?
Neste especial do Vós, são citadas três iniciativas. Saiba como doar aqui:
Cuidado que mancha mais – É um projeto “guarda-chuva” do espaço Cuidado que Mancha, que envolve doações para doações de itens, cestas básicas e projetos para estimular a geração de renda.
Misturaí – Projeto que conta com diferentes iniciativas, entre elas o Amparaí, que distribui refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade social
PF das ruas – Grupo de amigos e cozinheiros que trabalham para servir almoços e café da manhã para pessoas em situação de rua