Nesta semana, vacina superfaturada e 500mil motivos para gritar Fora Bolsonaro
Depois de o governo de Jair Bolsonaro ignorar dezenas de emails da Pfizer e recusar, inclusive, um desconto, documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo federal comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que era anunciado pela própria fabricante. O Estadão teve acesso a um telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado que informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em US$ 1,34 por dose.
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Sabe quanto o governo brasileiro pagou? $15 por unidade. Pela cotação de fevereiro, o Ministério da Saúde pagou $80,70. A mais cara das seis vacinas adquiridas até agora
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Mas o escândalo da vacina superfaturada não para por aí. Porque há indícios de que o presidente Jair Bolsonaro foi alertado sobre um possível esquema. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), irmão de um servidor do Ministério da Saúde, disse que conversou pessoalmente com Bolsonaro sobre as suspeitas de corrupção. O presidente, por sua vez, disse que levaria o caso à Polícia Federal, mas o parlamentar não teve mais retorno e as vacinas foram compradas.
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Tudo isso acontece na semana em que o Brasil chega a o terrível e trágico número de 500 mil mortos por Covid-19
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Um número que poderia ter sido evitado. Um número que é muito mais que um número. Um número que é feito de gente, de sofrimento, de famílias destruídas, de pais sem filhos, filhos sem mães, homens sem irmãs, mulheres sem amigos. E o presidente não foi capaz de dizer nada.
Jair Bolsonaro esperou dois dias para se manifestar. E apesar de dizer que lamenta as mortes, a reação aos jornalistas foi outra. Por essas e outras que no último sábado, dia 19, o país gritou FORA BOLSONARO. E nós, no Benita Sois Vós, fazemos coro.
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
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