Sou contratada como repórter. É o que mais gosto e melhor sei fazer como jornalista. Seria muito feliz sendo repórter o resto da vida. Porém, de uns tempos pra cá venho observando que o mercado nem sempre nos leva pelo caminho mais romântico ou nem sempre conseguimos conduzir nossa carreira por ele. Precisamos ser, digamos assim, mais versáteis.
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A gente amadurece e é surpreendido a cada passo. Se descobre também. Vê que tem outros talentos. E isso também pode ser legal.
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Digo isso não pra jogar a toalha, mas porque as coisas estão mudando muito e toda esta movimentação das “placas jornalísticas” desperta o vulcão da reflexão sobre a necessidade de sermos cada vez mais versáteis e, no bom linguajar popular, “pau pra toda obra”. Um exemplo: a figura do repórter especial tem sido extinta aos poucos. Não encontramos mais nas redações um cara destacado somente para grandes matérias ou coberturas especiais.
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O repórter que consegue fazer pautas mais trabalhadas é o mesmo que apurou ocorrência policial a semana toda e que fez bico na produção quando o colega foi para o departamento médico.
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Outro exemplo: as editorias estão sendo extintas. O enxugamento das redações provoca a pulverização das pautas conforme a demanda e a equipe. Hoje eu cubro economia, amanhã me pautam para meio ambiente. Provoca também dança das cadeiras, o que nem sempre agrada a gregos e troianos. Mais um exemplo: oportunidades diferentes/inéditas surgem conforme o andar da carruagem. Quando menos se espera, vem o convite para cobrir uma editoria aqui, uma ancoragem ali, uma função nova acolá.
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Aproveitar estas janelas pode ser uma forma de descobrir novos talentos e aptidões.
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Último exemplo: a boa notícia desta movimentação é que ela abre espaço, e muito, para iniciativas e projetos inovadores dentro do jornalismo. Enquanto a mídia convencional está encolhendo, uma mídia ousada, em tempo real, também confiável, às vezes até bem segmentada, está crescendo.
Volto a dizer: não sou a favor de jogar a toalha e desistir de toda a estratégia inicial de jogo, mas voto na versatilidade. Aproveitar novas oportunidades não é perda de tempo. E repórter que é repórter vai ser sempre, porque isso tá no sangue.
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